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USO ECONÔMICO E SUSTENTÁVEL DE TERRAS INDÍGENAS É TEMA DO 3º DIA DO 2º WEBINAR IGVB

O terceiro dia da segunda edição do Webinar IGVB – Brasil 2022: 200 Anos de Independência trouxe as visões do líder indígena Arnaldo Zunizakae, da comunidade pareci-manoki-nambikwara no Mato Grosso, e do presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Marcelo Xavier. Em pauta, a questão indígena e a produção agrícola em terras indígenas como forma de combater o êxodo, o abandono das famílias e das tradições e a fome. 

Zunizakae apresentou a Coopihanama – formada pelos povos haliti-paresi, nambikwara e manoky – uma das cooperativas que plantam em terras indígenas no estado do Mato Grosso e mudaram a realidade das comunidades locais. “Esse projeto aconteceu devido à nossa necessidade de permanecer dentro do território. Por termos nossas terras envolvidas por agricultura, os indígenas vivendo uma miséria ali dentro e buscavam trabalho fora de seus territórios e isso ocasionava a desocupação das terras indígenas, o abandono da cultura e até mesmo da própria família”, explicou. 

 

Hoje, as cooperativas plantam 20 mil hectares, o que corresponde a 1,7% do total da terra indígena. A previsão é de que a produção deste ano chegue a 54 mil toneladas de grãos, só a Coopihanama tem faturamento bruto anual de R$ 120 milhões. Contudo, Zunizakae chama a atenção para a proibição do cultivo de transgênicos em terras indígenas: “Utilizamos o que há de melhor na tecnologia, em termos de equipamentos e maquinários, infelizmente, não podemos trabalhar com as sementes geneticamente modificadas que é o topo da agricultura hoje. Nossos vizinhos de terra, na maioria das vezes apenas uma estrada de oito metros que nos separa, eles fazem a agricultura usando essas tecnologias e nós do outro lado não podemos fazer. Então, a gente vê que é uma discriminação e a gente tá lutando para que isso mude”.

 

Funai

O uso econômico e sustentável de Terras Indígenas e geração de renda foram pontos abordados pelo presidente da Funai, Marcelo Xavier. Ele apresentou outras comunidades indígenas que praticam agricultura: no Mato Grosso, os xavantes produzem 106 toneladas de arroz na terra indígena Sangradouro, enquanto os baikiri colheram outras 231 toneladas na terra indígena Santana; há também os paiter-suruí, de Rondônia, que produzem banana e um café premiado internacionalmente, e os cinta-larga, da Terra Indígena Roosevelt e Parque Aripuanã, que são referência em castanha; comunidades do Norte que comercializam pirarucu; potiguaras do Nordeste que produzem camarão; o artesanato entre os indígenas do Sul. 

 

Falou também de 16 experiências de pesca esportiva e turismo em terras indígenas. “Acho que isso aqui agrega muito imagem ao indígena, inclusive para manter seus usos, costumes e tradições. Porque o estrangeiro vai na terra indígena e ele pode vivenciar uma experiência daquele dia do próprio índio, naquele próprio ambiente. Tem lugares paradisíacos, nessas visitas você pode, naturalmente, juntar isso a uma refeição lá, a participar de uma dança típica, fazer suas pinturas junto com eles”, apontou. O presidente da Funai falou também sobre mineração em terras indígenas.

 

Xavier apresentou, ainda, as principais ações da Funai no combate à Covid. “Nós já entregamos 23 mil toneladas de alimentos em terras indígenas. Não são 23 toneladas, são 23 mil toneladas. Isso compreende 1 milhão de cestas básicas em terras indígenas. Atendemos, aproximadamente, 220 mil famílias indígenas. Também investimos em ações preventivas 50 milhões de reais. Entregamos 220 mil kits de higiene e limpeza”, aponta. As ações também incluem a criação de barreiras sanitárias, a fim de proteger os indígenas. Hoje, segundo ele, 80 a 90% dos indígenas estão vacinados com a primeira dose, 82% com segunda dose ou dose única da vacina contra a Covid. 

O 2º Webinar IGVB foi transmitido ao vivo pela plataforma Zoom, onde pode haver interação com os palestrantes, e pela página do IGVB no Facebook. A gravação deste dia pode ser vista no canal do IGVB no Youtube, no link: https://www.youtube.com/watch?v=GjCsFwRTJwE&t=2226s ou no perfil do Facebook, no link: https://www.facebook.com/InstitutoGVB/videos/589510678844928.

Fotos Cátia Spegiorin

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